Poema duplo
Aos que navegam
Aos que navegam nestes mares
Desesperados, ou qualquer coisa que o valha
Aos insensatos, nos seus lares
Que o tédio cobre por mortalha.
Aos que navegam sem rumo
Nestas frias águas virtuais
Cadáveres que eu agora exumo
Através de meus versos lapidais.
Aos que navegam bem ou mal acompanhados
Com uma terrível, tediosa solidão
Corações e sentimentos perturbados
Por pensamentos de putrefação.
Digo-vos
Digo-vos que a solidão não passa
E não adianta nos cercar de amigos
Eles estão em qualquer praça
Mas não nos livram dos perigos.
Digo-vos que a madrugada é enorme
E que passar as noites só é terrível:
Pesadelos vêm quando se dorme
Ou se fico desperto também é horrível.
Digo-vos que quando o amor se vai
Deixa lágrimas, deixa um amargor
A máscara da felicidade cai;
Desmascara-se a maquiagem do amor.